ela tem ainda essa necessidade descabida de sair suja das coisas, das pessoas, de pessoas. suja de vontade matada em gole insano de noite. em boca rasgada de alma fugida. suja.
ela tem ainda essa coisa de chorar em ônibus, de rezar para que o estranho note seu abismo. se delicie em seu abismo. e vire também queda surda e muda.
ela tem ainda, eu acho, as mil faces da lua de sonho, os mil sonhos da moça no quarto. os mil quartos da meia arrastão. o rasgo na pele, o rastro da pele.
embalada.
céu de vidro
ResponderExcluiro tempo me (ex)pulsou
a vida inteira
e mudo estou
para explodir em versos
ao vento ligeiro
não quero o céu profundo
dentro em mim mas o que inflama
toda a poesia que arde em chamas
um jardim para meu fim:
rumores de asas flores pássaros
sobre todas as cinzas
pedras sobre a terra
pela última vez dispostas
nos poros desatados deste corpo
por trás dos sonhos
sinto-me leve de meus pulsos
que gritam toda a nódoa do mundo
quem quiser saber o que fui
afogue-se em meus poemas
nesta manhã desventrada dos céus - o silêncio -
ouço apenas o silêncio
o tempo é escasso
e quando o sol se pôr
estarei livre dos sonhos
de meus versos guardados
tudo se esvai - até a dor do poema -
a cova arde
como um inferno de dante
ah ! dirão: covarde
e por toda (p)arte
o meu amor é preciso
agora um f(r)io denso me invade
e por toda parte
é o meu amor preciso
- quero inventar um poema:
um vento de seda -
borboletas abanam as asas
no silêncio cristalino
meus versos inflamarão
em todas constelações
nacos da minha alma
crepúsculo –
após uma vida curta
a noite se alonga...