BEM (vem) VINDO





ENTRE SEM BATER, TIRE OS SAPATOS E TRAGA ALGUMAS MOEDAS



domingo, 1 de fevereiro de 2015

AMERICAN PIE

é que em domingos de sol tenho vontade de comprar o último bilhete do último trem para a costa. e dar as costas para a grama verde do meu jardim. levar três vestidos quatro calcinhas e um lenço. dirigir um carro azul e ligar pra ele quando chegar. dizer: cheguei aqui sozinha, já encontrei um bom lugar que vende sorvete e tem gim. acho que é bom para nós. e especialmente bom pra mim.



domingo, 2 de novembro de 2014

SOBRE.

era a palavra predileta dela.
sobre as folhas, a tinta, a língua a mesa e as pernas.

quando ela desistia haviam tantos braços.
e a linha do limite era riscada de baton.
tão frágil quanto a meia calça.

parece que no sol seus olhos eram mel,  dourados como wisky em certos copos.

talvez se o que procurassemos fosse paz.
talvez nunca foi uma palavra.

talvez eram sentenças.





terça-feira, 28 de janeiro de 2014

SIM.

ELE disse: querida, pensa que não percebi que estava de mãos dadas com ele na virada do ano? Pensa que não sei que teu sorriso primeiro era dele. Eu sei, sempre soube. Mas o outro sabe que tuas coxas são minhas e tua alma se salva no banho quente de nossa casa, na louça do meu jantar. No dobrar de minhas roupas e no suor do sexo das quartas.

o medo não mora na sombra desse meu homem.
ele sim que é de verdade.

sonhos desenhados a caneta.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

há quem interessar possa.

em visita rápida percebeu que ali nem as lembranças montaram casa.
a memória era assim tão curta ou seu coração era assim tão vago.

ser leviana com a própria história. o cúmulo do egoísmo.


sentiu saudades poucas de coisas miúdas e escadas rolantes e fones de ouvido. 

saudade da solidão. onde é sua casa, agora que seu dossel é de paz e seus joelhos de um homem só.
onde é o lar de seus livros?

onde descansam os sonhos... (?)

nos braços dele ou nas asas do mundo.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

(ele) percebeu.
faz mais de mês que (ela) não anda na ponta dos pés.
ou mexe o nariz ao fazer amor.

anda triste, sua menina.




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

recomeço

ela dobrou os vestidos na mala azul, calçou os sapatos e atacou um táxi na rua.
gostaria de ter usado um grande óculos escuro, mas todos os graus do mundo faltavam em seus olhos.
era o amor tocando suas músicas prediletas. a dor sabendo doer nos pontos certos. o livro predileto com capa nova.




sexta-feira, 2 de agosto de 2013

me pediu - alguém completamente sem importância - se poderia enfim recebê - lo ou ainda estava perdidamente apaixonada.
respondi que não era esse o ponto, definitivamente.
acontece que estava seriamente comprometida.
abismos de diferença.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

DEAR AND DIRTY FRIEND



As vezes ele é triste como não ver as estrelas. 
Como o final de um filme francês.
E calmo, como descobrir a espuma e lavar o corpo.

Sinto medo quando ele se agita.

Não soube ou pude ser sua paz, suas respostas.
Acho até que ele ama meus pontos, minhas grandes quedas.
Meu amor sem fim que ressurge em noite fria.
Meu amor pequeno que lembra e necessita - tanto - em meio a certas músicas.
Nos silêncios das viagens. Ao acordar e preparar um café.

Escrever é declarar. Pois quando escrevo não minto.
Coisas pequenas não cabem em minhas linhas.
O meu querido é uma grande história.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

ele.


 
ele fica pra guardar minhas máscaras em um baú.
ele beija meu rosto antes de dormir e minha boca pela manhã.

se com os outros não cabia em culpa,
com ele acordo em paz.

por mais que deseje os estranhos em suas jaquetas de couro,
gosto mais de quem tem gosto e alma doce.

domingo, 21 de abril de 2013

preciso do suor deles em minha pele. 
se não há dor, não houve amor.
ele não exige de mim todos os meus segredos
e eu brinco com o jogo de chá quebrado,
ele tampa meus pés a noite.
eu arranho seus discos.
ele beija meu nariz.
eu o traio por medo de me perder.

terça-feira, 16 de abril de 2013

levanta as pernas menina, hoje vamos uni-las ao cosmos.

a carta veio em papel amarelo.
e havia amor.
e tudo bebe estranheza quando há amor.
inclusive a noite, que costuma abrir as pernas. uniu os joelhos em prece.


ela reza com as coxas.





quarta-feira, 20 de março de 2013

LANA.

o salvo pois deságua o medo quente em minhas coxas.

o alegro pois desenho a boca dele com batom em minha boca.

levo paz á sua casa.

se de todas as outras ele faz mar, de mim faz infinito.

não se mora no infinito.
não se ama o ínfimo.

não se dorme com as estrelas.